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“Saúde não é um privilégio ou mesmo uma mercadoria, é um direito humano fundamental”

 

A frase acima, dita em 26 de outubro por Carissa F. Etienne, diretora da Pasta da Organização Mundial da Saúde para as Américas e Caribe (PAHO)¹, reflete uma ideia quase profana nos dias de hoje. Acreditar que todos temos o mesmo direito à vida, à dignidade e à saúde integral e de qualidade parece uma ideia obsoleta, até mesmo (ou seria principalmente?) dentro das faculdades de Medicina do nosso país.

Com o presidente eleito no Brasil e sua equipe demonstrando total desconhecimento sobre gestão pública em saúde², o futuro, apesar de incerto, tem prognóstico reservado. Ao mesmo tempo que recebeu o apoio de diversos mercenários pelo Brasil³, o político ameaça retirar direitos historicamente conquistados, que interferem diretamente na vida da classe trabalhadora⁴, a qual produz as riquezas de nosso país, dos recém-nascidos aos aposentados⁵.

Na Argentina, o governo neoliberal e sem escrúpulos recentemente ingressou no Fundo Monetário Internacional (FMI) pela 21ª vez devido à crise presente no país⁶. Em retorno, Macri, atual presidente, se comprometeu em alcançar o “déficit zero”. Para isso, uma de suas medidas desesperadas foi acabar com os ministérios da saúde e do trabalho, transformando-os em subsecretarias⁷.

Dessa forma, as políticas de austeridade tomadas por esses governos dificultam ainda mais a implementação de políticas sociais e de saúde que abranjam toda a população⁸, indo na direção contrária a sociedades menos desiguais⁹.

Consideramos que os níveis educacional e econômico, o lugar onde se vive e as relações sociais são fatores intimamente relacionados à saúde. Neste sentido, quando se considera as taxas de mortalidade materna, evidencia-se importante assimetria, uma vez que o risco de morrer durante a gestação, parto ou puerpério é muito maior nos países latino-americanos do que nos da América do Norte. Em números, temos nos primeiros uma taxa média de 68 mortes a cada 100.000 nascidos vivos, enquanto que, nos últimos, a taxa média é de 13 a cada 100.000 nascidos vivos. Ao comparar a incidência de tuberculose, doença notadamente relacionada à concreta condição da vida humana, nos países norte-americanos temos um número de 3 a cada 100.000, enquanto que, na América Latina, o valor é 11 vezes maior. A desnutrição infantil continua sendo a causa mais importante de mortalidade e adoecimento nos setores mais pobres da população¹⁰.

Diante disso, a DENEM entende que a luta pela saúde não tem fim em si mesma e acredita na necessidade absoluta da construção de uma nova sociedade, em que as pessoas possam desenvolver sua humanidade com dignidade e viver integralmente o conceito de saúde. Uma sociedade onde os interesses do capital estrangeiro não sobreponham a vida humana e onde o Estado não funcione como balcão de negócios.

Neste sentido, a Coordenação de Relações Exteriores da DENEM e sua Rede de Ajuda recomendam a leitura do Relatório da PAHO, intitulado “Indicadores Básicos: situação de saúde das Américas”, divulgado no dia 02 de novembro. Enfatizando a violência e a poluição, o documento, que engloba indicadores socioeconômicos e de saúde, é importante na análise do momento que vivemos hoje e traz, com números e imagens, a crise generalizada do nosso continente, cujas veias seguem abertas a sangrar.

Para acessar o relatório: IndicadoresBasicos2018_spa

 

 

REFERÊNCIAS:

[1]: https://www.paho.org/hq/index.php…

[2]: https://oglobo.globo.com/…/presidenciaveis-pregam-mais-dinh…

[3]: https://g1.globo.com/…/medica-do-rn-rasga-receita-apos-paci…

[4]: https://veja.abril.com.br/…/bolsonaro-defendeu-reducao-da-…/

[5]: http://agenciabrasil.ebc.com.br/…/reforma-da-previdencia-de…

[6]: https://brasil.elpais.com/…/07/econo…/1528397739_638132.html

[7]: https://www.cartamaior.com.br/…

[8]: https://jornalggn.com.br/…/como-as-politicas-sociais-sao-af…

[9]: https://g1.globo.com/…/fmi-diz-que-politicas-neoliberais-au…

[10]: https://www.alames.org/…/med…/informes/61-derecho-a-la-salud

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