Frente a um governo cada vez mais autoritário na defesa do lucro e da fortuna dos grandes
empresários, é papel do Movimento Estudantil o enfrentamento corajoso e organizado dos
interesses populares, pela saúde e pela vida da população brasileira!
Sabemos que este modo de produção baseado na exploração, em que o 1% lucra enquanto
os 99% trabalham, adoecem e morrem, entra em colapso de maneira cíclica, criando grandes
crises financeiras. A conta sempre é paga por quem trabalha e se vê com condições de vida
cada mais precarizada, difíceis e sem esperança. Quando o lucro dos grandes bilionários tem
chance de ser prejudicado, é na ofensiva sobre os trabalhadores e seus direitos que suas
fortunas são mantidas e, pior, multiplicadas. Mais do que nunca, portanto, o lucro tem se
colocado acima da vida. Teto de gastos, reforma trabalhista, terceirização, reforma da
previdência, cortes orçamentários, desmonte do SUS e da universidade pública e mais uma
série de retirada de direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores nos colocaram,
agora, em uma realidade que demanda ampla unidade, resistência e radicalização. Tal
momento tão inóspito aumenta nossa responsabilidade perante toda a população e nosso
compromisso com a luta por outro modo de vida e sociedade.
A eleição de Bolsonaro desmascara quaisquer interesses antes velados. Escancara que a
elite brasileira, a quem ele e seu governo servem, não tem receio em ser violenta,
ultraconservadora e autoritária, mesmo que isso custe milhares de vidas. A pandemia da
Covid-19 acelera o movimento histórico: a falta de um plano nacional para conter a pandemia
garante os interesses da elite enquanto desmorona o SUS, expõe profissionais da saúde e
mata milhares de pessoas em todo o país, especialmente os mais pobres, que se veem sem
renda e sem emprego. Além disso, ao invés de se preocupar com a pandemia, Bolsonaro
ataca as a instituições como o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, e tenta, junto a seus
aliados, criminalizar movimentos antifascistas, não abrindo mão de suas antigas táticas
eleitorais. Assim, não quer mudar a realidade das mortes crescentes em todo o país, mas
prefere alterar ministros de saúde para garantir suas ordens, omitir e atrasar divulgações
oficiais sobre o número de mortos no país e recomendar medicações sem comprovações
científicas, ao mesmo tempo que faz alterações na polícia federal para proteger a sua família
e a seus amigos, como ele próprio admite.
Para além, enquanto os números de violência contra a mulher aumentam no período de
isolamento domiciliar, ele quer impedir até mesmo que os serviços de saúde especializados
sigam funcionando.
Tudo isso enquanto infla discursos de ódio de seus seguidores nas redes sociais. Hoje,
querem transformar a defesa da vida e das liberdades democráticas em crime! É na violência
que esse governo genocida tem se apoiado para manter as reformas liberais de Paulo Guedes
e da classe dominante em pleno funcionamento.
Mas se engana quem acredita que isso é novidade: nas periferias, nas favelas, nas florestas
e no campo a violência é a tônica desde a formação do nosso país. O genocídio e o
encarceramento em massa do povo negro nunca deixou de ser pauta fundamental da luta de
resistência no Brasil. Não podemos cair no discurso mentiroso que separa essas lutas que
emergem, não à toa, no mesmo momento, tomando as ruas em todo a planeta. A resistência
antifascista e antirracista enfrenta um problema comum.
Nossa geração tem uma tarefa histórica: resistir à face mais violenta de um sistema que
explora e, quando precisa, ameaça e mata nosso povo em defesa de seu lucro. Enquanto a
fortuna de poucos indivíduos alcança, pela primeira vez na história, a casa das centenas de
bilhões, morrem 3 jovens negros por hora e uma pessoa vítima da pandemia por minuto no
Brasil.