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O Brasil atingiu a marca de 100.000 mortes causadas pela pandemia da COVID-19 em nosso país, que tem mais de 200 milhões de habitantes, tantas culturas, regiões e pessoas diferentes.

O impacto da COVID-19 no Brasil foi devido não só à ameaça potencial do vírus, mas também à falta de uma resposta eficaz a esta crise por parte de nosso governo. Temos falado sobre o poder das palavras e notícias falsas em nossa época, mas pode não ser fácil dimensionar o quanto esses fatores afetam de fato a saúde das pessoas. Com declarações do Presidente como, “Não sou coveiro, tá?” e “E daí? Lamento. Quer eu faça o que?” ao ser questionado sobre o número de mortes e infecções no país. Os números tornam claro o quão imprudente tem sido o governo em tratar a pandemia como uma “gripezinha”. O Ministro da Saúde Brasileiro mudou três vezes durante a pandemia, um fato que se soma ao panorama trágico nacional causado pelo vírus.

Em Agosto de 2020, o Brasil entra no 5º mês de distanciamento social, com mais de 1.000 mortes por dia, sem praticamente nenhuma estratégia do estado para controlar esta ameaça. Além disso, temos uma alta taxa de subnotificação de casos no território. Somos o país com mais mortes entre os profissionais de saúde e o Presidente foi considerado o pior líder mundial na luta contra a COVID-19 pelo The Washington Post. Suas atitudes também são prejudiciais ao deixar o país de fora das alianças com a OMS para tratamentos e vacinas futuras.

Neste momento, enfrentamos perdas irreparáveis para a história de nosso país. Os indígenas são os mais afetados no momento, há mais de 148 grupos étnicos com casos confirmados pelo coronavírus, mais de 23.000 infectados e 640 mortes. A maioria das mortes se concentra na região amazônica (norte do Brasil), uma floresta que tenta sobreviver e resistir ao desmatamento desenfreado que cresce mês a mês com as medidas liberais do governo.

Por outro lado, temos o nosso Sistema Único de Saúde (SUS), que proporcionou ao povo brasileiro um tratamento gratuito na luta contra a COVID-19. O SUS é o ponto-chave para discutir a saúde pública a partir de outra perspectiva, trazendo à luz mais uma vez a importante discussão sobre o acesso universal à saúde. Enquanto isso, ainda enfrentamos os impactos de medidas neoliberais que visam desmantelar nosso sistema de saúde em favor da abertura de espaço para o setor privado de saúde. Nós, da DENEM, lutamos pelo direito de nosso povo a ter uma saúde universal, gratuita e de qualidade. Só assim podemos construir uma sociedade mais justa para todos.

A saúde não é uma mercadoria, ela não deve ser uma fonte de lucro.

A saúde é um direito universal garantido pelo artigo 6 da Constituição Federal Brasileira de 1988.

100.000 mortes no Brasil, e mais da metade delas eram evitáveis. Não são apenas números. São 100.000 histórias, vidas e entes queridos. E estamos aqui hoje, em memória das vítimas, para homenagear suas histórias, suas famílias e amigos.

Hoje é Dia Internacional dos Povos Indígenas do Mundo e para destacar a resistência dos povos indígenas, este é um trecho da Carta Final da Assembléia Nacional de Resistência Indígena, Brasil:

“Em tempos de pandemia a luta e a solidariedade coletiva que reacendeu no mundo só será completa com os povos indígenas, pois a cura estará não apenas no princípio ativo, mas no ativar de nossos princípios humanos.”

 

Declaração lida na 7° Plenária da Assembléia Geral Online da IFMSA (International Federation of Medical Students Associations) – August Meeting, dia 08 de Agosto de 2020.

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